quarta-feira, 22 de abril de 2020

- HISTÓRIA DA KIMBANDA

HISTÓRIA DA KIMBANDA



  A Lei da Kimbanda vêm dos bantos, dos povos Angola-Congo.

  A misturança ou ainda podemos dizer sincretismo entre o Exu-iorubá e os Ngangas e Tatás (almas de chefes kimbandeiros das nações bantas) foi o que deixou esse ar de confusão no povo, que muitos até mesmo sendo “feitos na kimbanda”, não entendem, ou o que é pior tratam-no de diabo.

  Na verdade, o Exu da kimbanda não é o Exu-iorubá (orixá ou imolé dessa cultura). Os Espiritos que chegam na linha da kimbanda são espíritos de ngangas ou tatás, aqueles que encarnados na terra eram sacerdotes bantos adoradores de algum nkisi ou mpungu.

  No Brasil, o culto aos npungus e nkisis através dos seus mensageiros – os ngangas – foi misturado na escravidão com o culto aos Encantados e aos pajés ( da cultura tupí-guarani ) e também com o dos Iorubás, surgindo os seguintes novos cultos, fruto da miscelánea:


Macumba

Que vêm de “ma-kiumba” (espíritos da noitepônentes da makumba, aparecendo: Candomblê de Angola, Candomblê de Congo, Candomblê de Caboclo ou dos Encantados e Catimbó – todos eles em procura d).


Foi assim chamado o mais primitivo culto sincretista no sul do Brasil (e o primeiro originado em Brasil), dada sua maior prepônderancia banto; é dela que descem os outros cultos afro-brasileiros com influência das naçoes Angola-Congo, Tupi-guarani, Nagô e a Igreja, nessa ordêm. A razão de se chamar makiumba (logo após por deturpação da palabra ficaria makumba ou macumba) foi justamente, porque é um culto que se faz na noite, onde deveriam-se chamar necesáriamente os espiritos da noite (almas de outros sacerdotes do culto – Eguns ou Ancestrais). No culto iorubano-nagô conhece-se e rinde-se culto aos Ancestrais-Egun, porém eles são afastados dos rituais aos orixás, tentando ter um contato com outro tipo de energias, isto ajudou, para que os rituais onde se chamavam eguns fossem menosprezados, pejorados e mal interpretados. Por outro lado, a Igreja também condenava os cultos com influência indio-banto onde se fazia beberagem e supostamente orgias.


  Na verdade, as danças bantos eram no Brasil e ainda são na África bastante eróticas, e também é verdade que os Guias bebem e pitam, porém estão muito distante de ser uma orgia ou uma beberagem.

  Depois, quando os grupos de nações começan procurar sua identidade, dividem-se os principais come uma raiz cultural – E também, ao final do século XIX surgem da macumba urbana (onde tinhan muita participação os brancos pôbres e os descendentes de escravos) a Umbanda e a Kimbanda com influências para o Espiritismo e com muito sincretismo. Na kimbanda, permaneceu grande parte do culto aos ngangas da nação Angola-Congo, porém misturado com o diabo (pelas influências dos mitos e tabus dos proprios integrantes – que não tinhan conhecimento das origens – ) e também embaixo do pé do orixá iorubá Exu. 

Na África


 

  Em terras bantas, muito antes de chegada do branco, já existia o culto aos ancestros (chamados depois no Brasil “guias”). Também era conhecida a palavra “mbanda” (umbanda) significando “a arte de curar” ou “o culto pêlo qual o sacerdote curava”, sendo que mbanda quer dizer “o Além – onde moram os espiritos”.

  Os sacerdotes da umbanda eram conhecidos como “kimbandas” 

(ki-mbanda = comunicador com o Além ).

  Quando chegam os portugueses e tem contato com os reinos bantos, procuram comerciar com eles de um jeito pacifico. Mais tarde, o Rei do Kongo (Manikongo) descendente do primeiro ancestro kongo divinizado o Tatá Akongo converte-se ao catolicismo, sendo que também fazem o mesmo todos os seus vasalos. Pôde-se apreciar então que os negros bantos já na África são evangelizados por vontade própria, fazendo eles mesmos em suas terras sincretismos entre Santos e Nkisis. Porém uma parte banta não aceitou, nem adotou a evangelização, sendo que tramaram uma revolução em contra do rei do Congo, mesmo ainda, para se mostrar opostos ao branco e os Santos, adotaram dizer que eram do Diabo. Esses povos bantos eram os Bagandas, Balundas e Balubas.

  Ao tempo os Bagandas em revolta conquistaram a região de Angola e logo após quase todo o reino congo (que estava formado por vários reinos). Um dos reis bagandas foi Ngola Mbandi, de onde provêm o nome de Angola.

  Esses revolucionarios estavam apoiados pelos grandes feiticeiros e guardiões das tradições bantas, sendo também que sua bandeira estava formada pelas cores da tribo dominante: vermelho e preto (muito depois seriam as cores de Angola).

  Os Luba-Lunda, que ajudavam na guerra em contra do branco e os reinos congos evangelizados usavam como bandeira as côres vermelhas, pretas e brancas.

  Devemos também dizer que depois de muito tempo de paz entre portugueses e congos, um dos descendentes do Rei do Congo para não perder o reino decidiu se unir ao pensamento das outras tribos, pegando novamente seu nome africano e declarando a guerra em contra dos portugueses, se aliando com o resto dos povos bantos.

  Por sua parte, os portugueses levaram milhares de escravos bantos para o Brasil, entre eles encontravam-se partidarios dos dois grupos bantos: os evangelizados e os defensores das tradições. Os defensores, já no Brasil, siguiram sendo revoltosos, contrário a tudo o que vinha do branco, e tambêm em parte “inimigo” dos escravos feiticeiros que sincretizavam os nkisis com os santos.


No Brasil




  No periodo da escravidão, os bantos dos dois grupos (revolucionários e evangelizados) pegam contato com os grupos tupi-guarani, existindo também entre os indios dois grupos com semelhanças aos grupos bantos: indios bruxos que não aceitavam os santos (identificando-se com o diabo) e os indios evangelizados que gostavam da idéia do sincretismo santoral. Esses grupos juntam-se para fazer suas magias por separado, e dizer, os negros bantos contrários ao branco e os santos com os indios bruxos, e os negros bantos evangelizados com os indios evangelizados. 

  Daí o surgimento de duas correntes paralelas e opostas que seriam conhecidas no Brasil como Umbanda – o culto dos caboclos e pretos evangelizados; e a Quimbanda – o culto dos caboclos e pretos que não aceitaram viver em baixo do pé do Deus dos brancos, se aliando ao Diabo (inimigo do branco) e com Exu (que também era olhado como um demônio).

  Aliás, temos que dizer, com o passar do tempo, quando morrem os escravos dos dois grupos, Estes são chamados e incorporados através do tranze por seus descendentes, ao principio na Macumba e logo na Umbanda . Porém, os espiritos chegabvam todos num mesmo terreiro sem tanta diferenciação, e até se confundindo os grupos. Os descendentes de escravos o que menos queriam era de ser chamados satanistas ou macumbeiros, por isso botaram os grupos revoltosos em baixo do pé dos grupos evangelizados e a Kimbanda ficou sendo uma sub-linha da Umbanda.

  Porém os próprios Espiritos se encarregaram de fazer a separação e hoje em dia podemos dizer sem nenhuma dúvidas que existem duas religiões paralelas e diferentes: a Umbanda – onde chegam os Espiritos Guias dos Pretos e Caboclos evangelizados, vestidos de branco, humildes, que acreditam nos santos e os orixás, onde não se faz sacrificios de animais, que acreditam em Jesus, respeitam as ''leis'' do Espiritismo Cardecista, etc. E a Kimbanda – onde chegam os Espiritos Guias dos Pretos e Caboclos que trabalham para bem ou mal, com sacrificios de animais, luxo, orgulho, revolução e que não acreditam nos Santos da Igreja, defensores de tudo o que seja africanismo, e aceitam aos orixás e nkisis.

  Cabe dizer, que os seguidores das distintas ramas da umbanda, adotam e adaptam-se as duas linhas (umbanda e kimbanda) seguindo os preceitos e as influências maioritarias da sua Casa de Religião. Por exemplo, aqueles que fazem Umbanda Branca (sem sangue) botam a kimbanda em baixo da mesma e para os Exus muito pouco matam. Aqueles que fazem culto aos Orixás iorubas e também practicam Umbanda, dadas as influêcias iorubanas, olham na Umbanda como na Kimbanda um culto aos ancestros submetidos aos Orixás, fazendo para os ancestros rituais de sacrificios (principio fundamental dessa cultura).

  Hoje em dia podemos dizer que a Kimbanda se liberou da Umbanda, existindo um culto separado só prá Exu da Kimbanda e fora do contexto umbandista.

A KIMBANDA BANTÚ E SUA CRENÇA

  A “kimbanda Bantú” possui a crença na sobrevivência dos espíritos após a morte, conservando seus nomes terrenos até que percam sua individualidade e passe a conviver com os demais espíritos em outras partes da natureza. Já na cultura “banta afrodescendente”, chamada de Quimbanda Brasileira, o espírito perde seu nome terreno e recebe o nome de Exú. (exemplo: Exu Tranca Rua,Exu Marabo,Exu Veludo)

Entendemos que tanto a umbanda quanto a quimbanda brasileira, tiveram suas bases ritualísticas nos povos bantos, herdando os costumes do uso da pemba, da pólvora, perfume, etc. Estas práticas vieram na bagagem dos escravos bantos para o Brasil no período pré-colonial, pois vemos o uso de alguns desses elementos somente nessas vertentes afrodescendentes. Pensamos que os bantos perderam muito sua identidade ritualística, por serem os primeiros a vir para o Brasil através da escravidão, diferente dos escravos yorùbá que adentraram muito tempo depois em nosso país. Os Bantos, diferentes dos yorùbá, foram os que viveram mais tempo em senzalas, tanto quase que noventa por cento de suas crenças e culturas retiradas e cristianizadas.

OS PRETOS VELHOS


 Citamos então os “Pretos Velhos” que envelheceram em solo brasileiro, perdendo quase toda sua identidade religiosa e devido a sua cristianização, passaram a serem devotos dos santos católicos, como: Santo Antonio, São Benedito, São Miguel das Almas, etc. Eles foram umas das poucas entidades que foram cultuadas de acordo com os costumes bantos, onde tiveram seus nomes de batismo no Brasil, preservados após sua morte, onde citamos alguns: Vovó Joaquina, Maria Conga (Maria do Congo), Pai José da Guiné, etc. Hoje estes espíritos são cultuados tanto da Umbanda, quanto na Quimbanda, onde nesta última estão vinculados ao Reino das Almas, dentro do povo do Cativeiro. Esses Pretos Velhos apelidados de Quimbandeiros ou Curandeiros ganharam essas qualidades devido à possibilidade de terem sido em vida sacerdotes antes de virem como escravos para o Brasil.