terça-feira, 4 de agosto de 2020

O REINO DAS ENCRUZILHADAS



  Desde as épocas mais remotas, muitos mistérios cercam as encruzilhadas. Culturas milenares faziam uso dessas localidades para os cultos, oferendas e pactos. Dito pelas antigas tradições, as encruzilhadas são o ponto de interseção entre dois mundos: O mundo físico e o mundo espiritual. 


 As encruzilhadas são os locais onde ocorre o entroncamento e direcionamento energético encaminhando as almas ao destino prescrito, ou seja, os “espíritos” encontram rumo correto no reino dos mortos. Vinda de qualquer direção, uma energia flui apenas por três caminhos distintos nas encruzilhadas. Estátuas e monumentos diversos foram erguidos em tais pontos para sinalizar o limiar entre o profano e o sagrado.

  Como símbolo que une o físico ao espiritual, entendemos que a linha horizontal representa o mundo espiritual e a linha vertical o físico. O centro é onde ocorre a junção dos dois mundos. É o ponto de maior força e poder.

  As encruzilhadas determinam a trajetória que deveremos seguir em nossas vidas, bem como o destino dos nossos desejos e súplicas.

 A encruzilhada é o grande portal que possibilita aos Exus estarem em qualquer lugar, o que faz dela um dos locais mais importantes para o culto de Exu, afinal, Exu direcionará de acordo com as necessidades.




  O princípio dinâmico, vital aos seres individualizados, dentro dos cultos afro-brasileiros está intimamente ligado ao mistério de Exu. Segundo a cultura Nagô, é a qualidade de Exu (Èsú) Bara, Senhor dos Caminhos, que junto à qualidade de Exu Onã, abre e fecha a vida individual para elementos construtivos e destrutivos. Exu fica a esquerda dos caminhos controlando tudo que por eles passam. A encruzilhada aparece para Exu, sob o nome de orixa, o ponto predileto, onde um único caminho reparte-se em três. Exu é o centro de toda comunicação, controlador dos caminhos e ordenador de todas as coisas que existem. Exu torna-se o regente da encruzilhada na horizontal e vertical, sendo o grande vínculo entre os homens e os espíritos. 

  Os Exus são chamados nas encruzilhadas para trabalhar nos templos, assim como suas oferendas devem ser feitas no mesmo ponto de força. Além disso, estão intimamente ligados ao imaginário infernal, assim como à cidade de Torrinha, berço da lendária Maria Padilha.

  A Quimbanda utiliza do “Reino das Encruzilhadas” para intercambiar todos os demais Reinos. As encruzilhadas são como “vias” energéticas que possibilitam a locomoção espiritual dos seres. Essas Legiões proporcionam vitórias contra todos os inimigos, ensinam feitiços poderosos, abrem os caminhos fechados e quando necessário curam enfermos. Trabalham nos processos de sedução e escravidão amorosa, além de serem excelente conselheiros aos filhos e adeptos da arte 
negra.


  Muitas legiões, chamadas também como “Povos” compõem o “Reino das Encruzilhadas”:



Povo da Encruzilhada da Rua - Chefe Exu Tranca-Ruas,

Povo da Encruzilhada da Lira - Chefe Exu 7 Encruzilhadas,

Povo da Encruzilhada da Lomba - Chefe Exu Veludo ,

Povo da Encruzilhada dos Trilhos- Chefe Exu do Aço,

Povo da Encruzilhada da Mata - Chefe Exu Pantera Negra, 

Povo da Encruzilhada da Kalunga - Chefe Exu Pinga Fogo

Povo da Encruzilhada da Praça - Chefe Exu Tiriri, 

Povo da Encruzilhada do Espaço - Chefe Exu 7 Gargalhadas, 

Povo da Encruzilhada da Praia - Chefe Exu Kirombó,