quarta-feira, 5 de agosto de 2020

REINO DA PRAIA 

( KALUNGA GRANDE )



  Como descrito anteriormente, o conceito “Kalunga Grande” é bem amplo. Entendemos que o “Reino da Praia” é composto tanto pelo mar quanto pela areia, pedras, rios e mata circundante. Outro aspecto importante é que a palavra praia aplica-se tanto para a água doce quanto para a salgada. ​


  A grande massa de água salgada é composta por sete oceanos: Pacífico Norte, Pacífico Sul, Atlântico Norte, Atlântico Sul, Índico, Ártico e Antártico. Além desses sete oceanos encontramos lagos compostos de águas salinas sem saída para os oceanos como o Mar Morto, Mar Cáspio, dentre outros. Dentro dos inúmeros mitos e lendas descritos pelas antigas civilizações, os mares sempre foram ponto primal de seres espirituais e, até os dias atuais, não existe tecnologia que capacite ao homem suportar a pressão exercida nos abismos submersos. ​

  Antigas lendas relatam que no fundo dos mares, rios e lagos, milhões de almas encontram-se encarceradas. As legiões do Cruzeiro depositam tais seres em gigantescas prisões astrais fortemente guardadas pelos Exus e Pombagiras do Reino da Praia, inacessíveis à outras formas espirituais. O mar também recebe náufragos de diversas espécies, além de já haver engolido cidades e civilizações inteiras.​

  A areia da praia é composta por grãos que são micro cristais. Tais cristais são micro pontos energéticos que transformam as praias em grandes emissores e receptores de energia. As areias e as águas formam pontos de força gigantescos. Existe uma aparente sensação de bem estar quando os humanos banham-se com as águas do mar ou mesmo meditam ao som das ondas, pois a água com imensa concentração de sal desobstruí e abre os pontos energéticos e a areia emana as energias necessárias para uma revitalização. ​


  O “Reino da Praia” é composto por almas conduzidas a esse ponto de força para determinadas funções, dentre elas, atuam sobre as viagens, sobre os movimentos de intercâmbio e de troca, sobre a imensidão, o desconhecido, sobre os ciclos da vida, seus altos e baixos e também nos conectando a energia de movimento, sendo ele financeiro, emocional ou intelectual.
  
  A água como um dos elementos da natureza fundamental para a vida humana, é o liquido que nos trás abundância, limpa e purifica o nosso ser material e espiritual. Entendemos que a Água é também uma energia fluente, se observa-lá podemos aprender com seu fluxo que é continuo, e nos ensina a contornar obstáculos e superar dificuldades
  
  Os exus deste Reino tem como principais locais de atuação, as areias e dunas que margeiam mares e rios, nas pedreiras, minas d'água e em todos os lugares próximos à água doce ou salgada. 

  Os Exus e Pombagiras do Reino da Praia são seres capacitados a conduzir os homens pelos caminhos da evolução, descobrindo a força interna e saindo dos labirintos da psiqué. Assim como os povos da Kalunga Pequena, curam enfermidades e abrem novos caminhos ao homem. Muitas vezes são evocados e invocados para resolver assuntos sentimentais, haja vista que o elemento água manifesta certas emoções, porém, são completamente desprovidos de sentimentos, apenas cumprindo as metas dos adeptos. São ferozes zeladores dos segredos religiosos. Quando necessário, causam turbilhões emocionais e levam a pessoa ao centro do pior labirinto sentimental. Alguns são festeiros e gostam de algazarras, outros são silenciosos e pouco se manifestam no plano material.

  ​Um dos grandes exemplos é o conhecido Exu Marabô, que é um exu que trabalha nas Ilhas, Matas e Encruzilhadas próximas a Rios, Riachos e Praias mas em muitas vertentes é erroneamente denominado como chefe de encruzilhada de trilhos. Seu trabalho consiste em trazer equilíbrio, movimento, cura e evolução, não apenas para seus médiuns, mas também para seus consulentes. 

Muitas legiões, chamadas também como “Povos” compõem o “Reino da Kalunga Grande (Praia)”:


Povo dos Rios - Chefiado por Exu dos Rios,

Povo das Cachoeiras - Chefiado por Exu 7 Cachoeiras,

Povo da Pedreira - Chefiado por Exu Pedra Negra,

Povo dos Marinheiros - Chefiado por Exu Marinheiro,

Povo do Mar - Chefiado por Exu Maré,

Povo do Lodo - Chefiado por Exu do Lodo,

Povo dos Baianos - Chefiado por Exu Baiano,

Povo dos Ventos - Chefiado por Exu dos Ventos,

Povo da Ilha.- Chefiado por Exu Marabô,

terça-feira, 4 de agosto de 2020

REINO DAS ALMAS


  Alma é uma palavra que deriva-se do latim “Animu” (aquilo que anima). De forma simplória, a alma é parte da fagulha original que ciclicamente vaga entre as reencarnações dentro dos vasos (corpos) materiais em busca da libertação. Toda peregrinação ao longo das vidas constrói e destrói convicções materiais nos seres que entram num turbilhão emocional ao longo do processo mortuário. Muitos aceitam os desígnios que lhe são impostos, outros demoram, mas acabam aceitando e alguns não. Dentro do processo de desencarne, existem duas situações distintas: A transição e a busca.

  A transição é o momento em que a pessoa acaba de se desligar do invólucro material. Neste exato ponto, existem determinados Senhores e Senhoras que direcionam para o “Cruzeiro das Almas” (portal de direcionamento espiritual). O trabalho de tais senhores é extremamente importante, pois conduzem seres que acabaram de receber o choque da morte até seulocal de descanso. Essa é a transição. Nos hospitais, igrejas, centros espíritas, terreiros, mesquitas e velórios sempre existem seres aptos a guiar os desencarnados. 



  Porém, o lado obscuro é o de aprisionadores das almas. De seres condutores, tornam-se algozes perseguidores que capturam e obrigam as almas a trabalhar nas correntes sinistras desse Reino. Os Exus das Almas são espíritos em constante contato com os seres humanos, conhecendo cada fenda na alma de cada um e os ajudando a encontrar o caminho da evolução.​
​​​​​​​​​

  Outro domínio das legiões formadoras do “Reino das Almas” são os picos altos, as montanhas e desfiladeiros. Segundo antigas lendas, as almas que buscavam libertação e crescimento espiritual deveriam subir em montanhas para transcender e encontrar a imortalidade. Essa é a busca.

  Os Exus e Pombagiras das Almas conhecem os centros energéticos dos seres humanos e são capazes de libertar as correntes necessárias para o despertar do “Eu Supremo” ou a “Suprema Consciência”. Num plano material, são responsáveis pelo crescimento material e evolução intelectual, pois carregam conhecimentos de milhares de existências. 
São grandes Bruxas e Magos conhecedores de magias branca e negra, alquímia e misticismo. Com grandes conhecimentos sobre os elementos ( terra, água, fogo, ar e espirito)

Muitas legiões, chamadas também como “Povos” compõem o “Reino das Almas”:



Povo das Almas da Lomba - Chefe Exu 7 Lombas,

Povo das Almas do Cativeiro- Chefe Exu Pemba,

Povo das Almas do Velório- Chefe Exu Marabá,

Povo das Almas dos Hospitais - Chefe Exu Curadô,

Povo das Almas da Praia - Chefe Exu Giramundo,

Povo das Almas das Igrejas e Templos .- Chefe Exu Nove Luzes,

Povo das Almas do Mato - Chefe Exu 7 Montanhas,

Povo das Almas da Kalunga - Chefe Exu Tatá Caveira,

Povo das Almas do Oriente - Chefe Exu 7 Poeiras,

O REINO DO CEMITÉRIO 

(KALUNGA PEQUENA)


  Kalunga, palavra derivada dos povos do Congo ou Angola, possui uma definição que assemelha-se com “Necrópoles”, “Terra dos Mortos”, “Mundo dos Ancestrais” ou ainda a tênue linha que separa vivos dos mortos. Alguns acreditam que “Kalunga” significa o rio que separa vivos e mortos, papel muito similar ao rio “Styx” da mitologia grega. 


  A mesma palavra é usada para qualificar grupos de escravos africanos e seus descendentes que fugiam dos senhores de engenho e agrupavam-se em pequenos povoados isolados e protegidos denominados “Quilombos”. Essas comunidades acabaram por agregar índios, brancos, brasileiros e europeus, além da presença de membros da igreja católica. Tal mistura de povos e tradições criou uma cultura hibridizada e, muito provavelmente, também tenha sido incubadora natural dos mitos formadores da Quimbanda Brasileira.

  Para os ocidentais, o cemitério é um local de dor e solidão, onde as lágrimas jamais cessam, todavia, o conceito “Kalunga” difere-se culturalmente, pois os africanos acreditavam que o mundo dos ancestrais era o local de onde se emanava força e sabedoria que capacitavam as pessoas tornando-as ilustres. Quando o negro africano foi escravizado e trazido ao Brasil, atravessaram o grande rio (mar) ao qual denominaram de “Grande Kalunga” (Kalunga Grande). Assim temos duas concepções: Os cemitérios (Pequenas Kalungas) e o Mar (Kalunga Grande). Um detalhe importante é que antigos rituais crematórios de grandes autoridades e monarcas eram efetuados em embarcações dentro das águas do mar para que suas cinzas encontrassem o caminho do Reino dos Mortos. Em países do Oriente ainda existem tradições de cremação nas margens de rios.


  A diferença reside no fato de que os cemitérios são locais destinados à sepultura dos mortos. Geralmente são afastados dos centros urbanos, pois são habitat de animais repugnantes que exercem o papel decompositor, ou seja, a morte alimenta a existência de outros animais.

  Espiritualmente, os seres que compõem o “Reino da Kalunga Pequena” são muito obscuros, e parte de suas forças reside na nostalgia, nos sentimentos, ressentimentos, medos, 
angústias,  desespero, o tempo cronológico, sobre as memórias, as lembranças, os medos, e sobre o outro lado da vida. Regem a morte física, a morte simbólica e são invocadas para situações de fechamento de ciclos. 

  Em sua essência atuam com grande seriedade e firmeza, não aceitando brincaderas, fingimentos nem arrogância. Tendem a ser mais reservados e diretos em suas consutas, com grande poder de curar as piores doenças, sejam elas físicas ou espirituais. São grandes senhores e senhoras aptos à guerra, com enorme conhecimento no lançamento de feitiços. Quando zelados e cultuados com fé e dedicação são capazes de transmitir uma herança ancestral incrível e um grande poder de proteção impenetrável. 

  Muitas legiões, chamadas também como “Povos” compõem o “Reino da Kalunga Pequena”;



Povo das Portas da Kalunga.- Chefe Exu Porteira,

Povo das Tumbas.- Chefe Exu 7 Tumbas,

Povo das Catacumbas.- Chefe Exu 7 Catacumbas,

Povo dos Fornos.- Chefe Exu Brasa,

Povo das Caveiras.- Chefe Exu 7 Caveira,

Povo Kalunga da Mata.- Chefe Exu Morcego,

Povo da Kalunga da Lomba.- Chefe Exu Corcunda,

Povo das Covas - Chefe Exu 7 Covas,

Povo das Mirongas e Trevas - Chefe Exu Capa Preta (conhecido também como Exu Mironga),


O REINO DA LIRA




  O “Reino da Lira” é um dos maiores mistérios dentro da Quimbanda. Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, “Lira” significa um instrumento musical de cordas usado em tempos medievais. Apenas com esse direcionamento não entenderíamos a profundidade esotérica desse Reino, por tal motivo devemos recorrer à história para compreendermos melhor a associação entre a palavra “Lira” com o Reino de Exu que a mesma representa.

  Lira é o nome de uma cidade localizada ao norte de Uganda que desde os tempos remotos destacava-se como grande centro de negócios. A localização geográfica da cidade, assim como a fartura de água e comida, faziam dessa cidade um ponto de encontro de diversos povos. A história da cidade relata que grandes tratados comerciais ocorriam entre etnias como os ciganos, árabes, chineses e os poderosos clãs bantus. Um local que atraia estrangeiros, certamente atraia o povo do entretenimento que é composto tanto de artistas quanto das damas da noite. 


  Relatos provindos de espíritos alegam que na cidade de Lira muitos tratados comerciais eram regados com bebidas, danças, apresentações diversas e sexo. Diamantes, esmeraldas, cavalos árabes, pólvora, porcelanas, tapeçarias, peças em cobre e ouro e lindas mulheres, dentre tantos outros itens eram negociados nesse poderoso polo sócio-econômico-cultural africano. 

  Além dos negócios, guerras ocorridas entre os próprios clãs e entre o povo de Uganda com estrangeiros, em especial os árabes, construíram uma identidade particular nessa região. Com o processo escravista europeu, homens e mulheres de Lira foram acorrentados e trazidos para o continente americano. Essa é a origem real do nome desse Reino, composto por espíritos que vivenciaram os dias de glória da região de Lira.



  Porém, o “Reino da Lira” expande-se e agrega outros elementos em sua formação. Nos tempos da “Belle Époque” na França, abastados senhores frequentavam casas noturnas chamadas “cabaret”. Tais estabelecimentos eram extremamente luxuosos e existiam inúmeros espetáculos que envolviam desde danças sensuais com mulheres até apresentações circenses e óperas. Dentro de tais casas, a luxúria se mesclava aos vícios e conluio de banqueiros, policiais, assassinos e políticos que definiam os ditames do poder. O “cabaret” era uma casa onde o obscuro era rodeado por gargalhadas, sexo e luxo.

  Não podemos citar os “cabaret” sem falar acerca da prostituição. Só ocorre prostituição em locais onde os conceitos morais e éticos aplicados consideram adultério como crime ou falha religiosa. Onde o adultério não é crime ou pecado, dificilmente existe prostituição. Muitas prostitutas são mestras na arte de manipulação mental e comportamental, fazendo com que os homens cometam todos os tipos de atos quando bem presos aos seus laços. Esse estado hipnótico que tais Damas agarram suas presas, marcou a história do mundo em várias fases.​

  Os “cabaret” vieram ao Brasil através da colonização europeia. Além das moças, imigraram também algumas atrações que costumeiramente apresentavam-se em tais casas. Ao longo do tempo, mulheres de etnia indígena e negra também compuseram os “cabarés” brasileiros, onde ricos e poderosos senhores costumeiramente frequentaram. No processo formador da história do Brasil, os cabarés estiveram em diversos “bastidores”, assim como as prostitutas.



  Na Quimbanda, o “Reino da Lira” é um espaço astral composto por toda essa legião que circundava o mundo dos negócios, da sedução e dos cabarés. Prostitutas, cafetões e cafetinas, senhores abastados (banqueiros, políticos, fazendeiros), jogadores e apostadores, artistas circenses, ciganos e ciganas, viciados em sexo e luxúria, assassinos passionais, traficantes, dentre outros seres.

  Seus pontos de força são os cabarés, motéis, boates, discotecas, bares, casas de aposta, porta de bancos, locais onde existam circos e outras atrações do gênero, casas antigas, casas de espetáculo e museus. Todavia, as legiões da Lira também respondem em quase todas as partes das cidades urbanizadas.

  Os Exus e Pombagiras desse Reino são seres espertos e ladinos, aptos e sempre prontos para os golpes de boa sorte. São portadores de caminhos para as riquezas materiais e satisfações carnais. Podem levantar da miséria os adeptos dando oportunidades de trabalho, retirando pessoas dos vícios e depressões.

  Muitas legiões, chamadas também como “Povos” compõem o ''Reino da Lira'';



Povo dos Infernos - Chefiado por Exu 7 Infernos ,

Povo dos Cabarés - Chefiado por Exu do Cabaré,

Povo da Lira - Chefiado por Exu 7 da Liras,

Povo dos Ciganos - Chefiado por Exu Cigano,

Povo do Oriente - Chefiado por Malé ,

Povo dos Malandros - Chefiado por Exu Zé Pelintra,

Povo do Lixo - Chefiado por Exu Mulambo,

Povo do Luar - Chefiado por Exu 7 Luas,

Povo do Comércio - Chefiado por Exu Chama Dinheiro,

O REINO DAS ENCRUZILHADAS



  Desde as épocas mais remotas, muitos mistérios cercam as encruzilhadas. Culturas milenares faziam uso dessas localidades para os cultos, oferendas e pactos. Dito pelas antigas tradições, as encruzilhadas são o ponto de interseção entre dois mundos: O mundo físico e o mundo espiritual. 


 As encruzilhadas são os locais onde ocorre o entroncamento e direcionamento energético encaminhando as almas ao destino prescrito, ou seja, os “espíritos” encontram rumo correto no reino dos mortos. Vinda de qualquer direção, uma energia flui apenas por três caminhos distintos nas encruzilhadas. Estátuas e monumentos diversos foram erguidos em tais pontos para sinalizar o limiar entre o profano e o sagrado.

  Como símbolo que une o físico ao espiritual, entendemos que a linha horizontal representa o mundo espiritual e a linha vertical o físico. O centro é onde ocorre a junção dos dois mundos. É o ponto de maior força e poder.

  As encruzilhadas determinam a trajetória que deveremos seguir em nossas vidas, bem como o destino dos nossos desejos e súplicas.

 A encruzilhada é o grande portal que possibilita aos Exus estarem em qualquer lugar, o que faz dela um dos locais mais importantes para o culto de Exu, afinal, Exu direcionará de acordo com as necessidades.




  O princípio dinâmico, vital aos seres individualizados, dentro dos cultos afro-brasileiros está intimamente ligado ao mistério de Exu. Segundo a cultura Nagô, é a qualidade de Exu (Èsú) Bara, Senhor dos Caminhos, que junto à qualidade de Exu Onã, abre e fecha a vida individual para elementos construtivos e destrutivos. Exu fica a esquerda dos caminhos controlando tudo que por eles passam. A encruzilhada aparece para Exu, sob o nome de orixa, o ponto predileto, onde um único caminho reparte-se em três. Exu é o centro de toda comunicação, controlador dos caminhos e ordenador de todas as coisas que existem. Exu torna-se o regente da encruzilhada na horizontal e vertical, sendo o grande vínculo entre os homens e os espíritos. 

  Os Exus são chamados nas encruzilhadas para trabalhar nos templos, assim como suas oferendas devem ser feitas no mesmo ponto de força. Além disso, estão intimamente ligados ao imaginário infernal, assim como à cidade de Torrinha, berço da lendária Maria Padilha.

  A Quimbanda utiliza do “Reino das Encruzilhadas” para intercambiar todos os demais Reinos. As encruzilhadas são como “vias” energéticas que possibilitam a locomoção espiritual dos seres. Essas Legiões proporcionam vitórias contra todos os inimigos, ensinam feitiços poderosos, abrem os caminhos fechados e quando necessário curam enfermos. Trabalham nos processos de sedução e escravidão amorosa, além de serem excelente conselheiros aos filhos e adeptos da arte 
negra.


  Muitas legiões, chamadas também como “Povos” compõem o “Reino das Encruzilhadas”:



Povo da Encruzilhada da Rua - Chefe Exu Tranca-Ruas,

Povo da Encruzilhada da Lira - Chefe Exu 7 Encruzilhadas,

Povo da Encruzilhada da Lomba - Chefe Exu Veludo ,

Povo da Encruzilhada dos Trilhos- Chefe Exu do Aço,

Povo da Encruzilhada da Mata - Chefe Exu Pantera Negra, 

Povo da Encruzilhada da Kalunga - Chefe Exu Pinga Fogo

Povo da Encruzilhada da Praça - Chefe Exu Tiriri, 

Povo da Encruzilhada do Espaço - Chefe Exu 7 Gargalhadas, 

Povo da Encruzilhada da Praia - Chefe Exu Kirombó,

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

O REINO DOS CRUZEIROS




  Os antigos feiticeiros ensinavam que o “Cruzeiro” é o verdadeiro portal que como toda porta, possui duplo fluxo: Entrada e saída. O Reino dos Cruzeiros está intimamente ligado a todos os outros reinos por fazer parte da transição entre um reino e outro.


  Sendo assim seus pontos de atuação todos os locais de passagens e pontos de trocas, sendo elas físicas, emocionais, mentais ou simbólicas. Seus principais pontos são: Em todos os locais de passagens e cruzamentos, portas e portões (terreiros, igrejas, templos, hospitais, cemitérios, comércios...), entradas e saída de matos, praias e praças e também na Cruz Mestre dos Cemitérios e Igrejas - O mais conhecido por Cruzeiro das Almas.




  O Reino dos Cruzeiros foi denominado por muitas raízes como sendo das pombagiras, o chamado '' T '' de pombagira, separando assim Encruzilhada para homem e Cruzeiro para mulher. Mas por entendermos que todos os exus e pombagiras trabalham sempre com seus companheiros, teremos ambos em todos os reinos e locais.


  Os Exus que manifestam-se em tais linhas são intransponíveis guardiões dos Templos de Quimbanda, Umbanda a té mesmo de Igrejas e Centros Espiritas na defesa contra energias negativas e espiritos mal intencionados, responsáveis pela defesa contra os lançamentos de pragas, feitiços, doenças e são capazes de evitar graves acidentes.


  As encruzilhadas são vias de acesso das almas aos destinos que lhes competem, e os cruzeiros são os portais entre os planos vibracionais. Entendemos que os cruzeiros são os portais de entrada e saída dos seres que estão se locomovendo nos planos astrais. Portanto, os dois reinos estão intimamente ligados.




Povo do Cruzeiro da Rua - Chefe Exu Tranca Tudo,

Povo do Cruzeiro da Praça - Chefe Exu Mirim,

Povo do Cruzeiro da Lira - Chefe Exu 7 Cruzeiros,

Povo do Cruzeiro da Mata - Chefe Exu Mangueira,

Povo do Cruzeiro da Calunga - Chefe Exu Kaminaloá,

Povo do Cruzeiro das Almas - Chefe Exu 7 Cruzes,

Povo do Cruzeiro do Espaço - Chefe Exu 7 Portas,

Povo do Cruzeiro da Praia - Chefe Exu Meia Noite,

Povo do Cruzeiro do Mar - Chefe Exu Calunga do Mar,

domingo, 3 de maio de 2020

REINO DAS MATAS



  Ao iniciarmos os reinos da kimbanda, falaremos primeiramente sobre o Reino das Matas. O Reino das Matas acreditamos ser o primeiro entre os 7 Reinos, pois era aonde os seres humanos viviam antes das civilizações, podemos perceber pelos indígenas brasileiros que muitos até hoje vivem em suas tribos. Assim como os negros africanos que viviam em suas pequenas populações onde futuramente se formaram povos. Podemos entender que o Reino das Matas seria o primeiro reino antes do Cruzeiro e Encruzilhada que ganharam mais ênfase e importância futuramente com o aumento da população, e o crescimento das civilizações distante das matas formando assim as cidades, mas esse é um assunto que traremos quando falarmos destes reinos em específico.

   Na cultura Bantu, os mortos eram enterrados no mato embaixo das árvores, estas acabariam mais tarde se tornando sagradas para eles, junto com eles eram enterrados seus pertences como louças, flechas, enxadas, lanças, Etc. Os indígenas brasileiros tinham a mesma forma de enterrar seus mortos, acreditando que após a morte teriam seus pertences para continuar seus trabalhos, sendo eles curandeiros, guerreiros ou caçadores.

  A grande maioria dos grupos bantus acreditava nos fantasmas familiares ou ancestrais divinizados (avós, mãe, pai, tio, etc.) chamados de KUNGU (no singular) e MAKUNGU (no plural). Estes espiritos perdem a sua individualidade com o tempo e entram para uma classe de espiritos chamada VINYAMBELA e MWENE MBAGO. Os Vinyambela são espiritos das crianças e os Mwene Mbago são os dos adultos (senhor e senhora do bosque) sendo que esses espiritos tem mais poder do que os da corrente dos Mkungu.
  Desta forma entendemos que após a morte os espíritos perdem sua individualidade vivendo no espaço da mata. Assim entendemos porque o culto esta ligado a este local da natureza.
  
  Ao chegar no Brasil, no periodo da escravidão os bantos pegam contato com os grupos tupi-guaranis, existindo também entre os indios dois grupos afins aos grupos bantos: indios bruxos que não aceitavam a catequização e os indios evangelizados que gostavam da idéia do sincretismo santoral. Esses grupos juntan-se para fazer suas magias por separado. Assim os negros e indios evangelizados mesclam suas ritualisticas e crenças com as da Igreja Católica, tornando se Caboclos de umbanda ligados aos ideias católicos mas ainda carregandos seus nomes como: Caboclo Arranca Toco, Caboclo Cobra Coral, Caboclo Tupinambá, Caboclo Ubirajara, etc.

  Os indios e negros que não concordavam com a evangelização, com o sincretismo, nem com a idéia de se tornarem subordinados e deixar de cultuar suas ritualisticas com seus encantos e magias foram assim denomindados e classificados como bruxos, adoradores do diabo e revoltos a palavra divina do Deus cristão. Deste modo se tornaram os Quimbandeiros. Exus das matas: Exu Arranca Toco, Exu Cobra Coral, Exu Mangueira, Exu Panteira Negra, Exu Pimenta, entre muitos outros. 
  Assim também trazendo as pombagiras ligadas a este reino, como grandes curandeiras e feiticeiras, e seus nomes associados as matas da mesma forma: Pombagira da Figueira, Pombagira das Matas, Pombagira Mirongueira, Pombagira Rosa Vermelha, Pombagira dos Ventos, Pombagira das lagoas entre muitas outras.



  O “Reino das Matas” é um dos frutos produzidos pela alquimia da Quimbanda. Nesse reino estão os seres de antigos caçadores, guerreiros e feiticeiros Kimbandas, Ngangas e Xamãs. Possuidores de conhecimento dos reinos mineral, vegetal e animal, são silenciosos e vorazes como os predadores que habitam nas escuras matas. 
  ​O arquétipo desses Exus costumam agradar-se com peles, penas, animais secos, lanças, arcos e todo tipo de artefato nativo. Conhecem poções e pós poderosos, bradam forte em seus filhos e não se corrompem por luxo algum. Sob alguns aspectos são verdadeiras feras em pele de cordeiro, animais selvagens, assassinos quando necessário e, ótimos conselheiros capazes de reconciliar os piores inimigos. Conhecedores da guerra e da morte, não se curvam para nada e enfrentam todo tipo de feitiço com seriedade e força.

  A mata exerce um poder purificador e as armadilhas que existem em seus sombrios vales e montes são cultuados na Quimbanda para que o adepto possa enfrentar a terra hostil que vive com fúria nos olhos e conhecimento na mente. A revolta dos antigos feiticeiros encaminha o guerreiro para a luz verdadeira e o fraco para o abismo inconsciente. Esse é o reflexo da obscuridade que existe no “Reino das Matas”, assim como no “Reino da Kalunga”. A mata é uma “Kalunga”, pois a morte também repousa em suas terras. Existe uma relação estreita entre esses dois Reinos, afinal, existem inúmeros cemitérios indígenas e animais nas matas.



São os povos deste reino:



Povo das Árvores - Chefe Exu Quebra Galho,

Povo dos Parques - Chefe Exu das Sombras,

Povo da Mata da Praia - Chefe Exu das Matas,

Povo das Campinas - Chefe Exu das Campinas,

Povo das Serranias - Chefe Exu da Serra Negra,

Povo das Minas - Chefe Exu 7 Pedras,

Povo das Cobras - Chefe Exu 7 Cobras,

Povo das Flores - Chefe Exu do Cheiro,

Povo da Sementeira - Chefe Exu Arranca Tôco,

quarta-feira, 22 de abril de 2020

CULTOS DE QUIMBANDA NO SUL



Cultos de Quimbanda no Sul


  Dentro da cultura tradicional Bantú existe a crença da sobrevivência dos espíritos, onde estes após a morte podem ou não gozarem de grandes prestígios, atuando como guardiões de uma pessoa e até mesmo de todo um clã familiar. Temos o conhecimento de quatro formas que mais são praticadas na região Sul, e podemos citar: 



1. Culto dos Exús praticado dentro da Umbanda;

2. Culto dos Exús através do Reino das Encruzilhadas, do Cruzeiro e das Almas;

3. Culto dos Exús através dos 7 reinos (Mato, Cruzeiro, Encruzilhada, Lira, Cemitério, Almas e Praia)

4. Culto dos Exús através do sincretismo com Demônios (Quimbanda Luciferiana);

CULTO DOS EXÚS PRATICADO DENTRO DA UMBANDA

  Acreditamos que os Bantos foram os que mais sofreram com a perda de suas divindades em solo brasileiro, pois através da escravidão foram tiradas suas crenças e impostas a religião dominante local, que na época era o cristianismo, surgindo assim a “Umbanda Brasileira”. Assim como houve na Umbanda o sincretismo das suas entidades, onde podemos citar os Caboclos (espíritos) da falange de Xangô tendo sincretismo com o Santo católico São Jerônimo, os Caboclos (espíritos) da falange de Ogum tendo sincretismo com São Jorge, etc. Na quimbanda também teve a tentativa “infeliz” ao nosso entendimento, do sincretismo religioso, onde compararam os seus espíritos de culto com demônios cristãos. Em algumas casas os exus de Umbanda tambêm foram sincretizamos ao Orixa Bará (Esu) com imagens católicas de Santo Antônio e São Pedro sendo usado tambêm a similidade das oferendas mas sem haver sacrifício.

Acreditamos que à origem da perseguição ao culto na década de sessenta se deu ao fato da Umbanda ter feito o sincretismo de seus espíritos com os Santos cristãos mencionados anteriormente, fazendo com que as pessoas de batismo católico que adentravam em seu culto, pensassem que os demais espíritos cultuados fora destes padrões estariam desqualificados para serem lembrados e reverenciados, destinando os mesmos ao que chamavam naquela época de entidades das trevas. A Umbanda autodenominada de “Pura” ou “Linha Branca” acabou simplificando o culto dos Exús como "As Entidades da Esquerda", automaticamente associando estes espíritos a tudo que fosse negativo, nefastos ou atrasados, etc. Sua associação com o diabo era evidente, pois os Exús foram introduzidos na Umbanda como guardiões das esferas negativas, passando a serem subordinados aos seus guias espirituais, os caboclos e suas falanges.


  Entendemos que houve uma tentativa de cristianização dos escravos negros e dos índios já libertos no Brasil, onde alguns aceitaram a imposição da igreja e outros não. A aceitação de alguns desses grupos teria ocasionado o surgimento da Umbanda que se autodenominou na época de “linha Branca”, passando a crer na inferioridade dos Exús para terem maior expansão de culto. A segunda parte que resolveu preservar sua crença foi extremamente perseguida, tendo seu sincretismo atrelado aos demônios cristãos.

  O sincretismo da Umbanda “dita branca” fez com que seu culto tivesse uma aceitação maior por parte dos católicos brasileiros, pois era mais fácil atribuir a inferioridade ao Exú, alegando o mesmo ser escravo do caboclo de Umbanda, do que dar um culto especial e separado aos mesmos. Ainda nos dias de hoje percebemos que pessoas com criação cristã denominam de “linha branca” o culto de Umbanda, e de “Linha Negra” o culto de Quimbanda. Criando assim uma pirâmide hierarquica aonde os ''Caboclos de Umbanda'' estariam acima dos da Quimbanda.

  Os exus de umbanda então foram cultuados como escravos astrais, ondem vinham muito poucas vezes aos fins das sessões somente para fazer a limpeza da casa. Na Umbanda até a altura da casinha de exu, situada na frente do terreiro, tem uma medida específica, para demonstrar seu caráter de serviçal e sua posição inferior a do Caboclo da Umbanda. Nessa casa é colocado apenas um copo pequeno de cachaça e um charuto acesso e algumas vezes determinados pratos especificos, pois não são praticados sacrificios de animais.

CULTO DOS EXÚS ATRAVÉS DO REINO DAS ENCRUZILHADAS, CRUZEIRO E DAS ALMAS



  Talvez este seja o culto de Quimbanda mais praticado dentro do Rio Grande do Sul, pois seus rituais são feitos com os assentamentos dos espíritos e levam nome de Exú, utilizando o uso de sacrifícios de animais, caracterizando-os assim como um ritual de quimbanda separado da Umbanda. Onde entendemos que houve uma perca ritualística em sua essência de culto, onde no nosso entendimento esta forma de ritual foi perdida com passar dos tempos, pois nos dias atuais quando se inicia nos rituais, tão logo lhe entregam um colar de miçangas (guia) na cor vermelha e preta, esperando que possamos receber algum espírito para que este seja doutrinado levando a denominação de Exú.

  Com passar dos tempos, este espírito vindo a ter uma evolução doutrinária maior, poderá dizer a qual Reino pertence. Nesta forma de culto sem o devido entendimento, se pensa que os Exús pertençam apenas ao Reino das Encruzilhadas, outros dos Cruzeiros e por fim das Almas, dando a cor das vestimentas da entidade e de suas guias da seguinte forma:


Encruzilhadas e Cruzeiros: Preto e vermelho 
Almas: Preto e branco 

  Nesse tipo de culto se acredita que os Exús das Encruzilhadas e os Exús dos Cruzeiros estejam integrados apenas por alguns Exús, a exemplos: Exú Tiriri, Exú Marabo, Exú Destranca Rua, Exú Sete encuzilhadas, etc. Já no último, o Reino das Almas foi atribuído também neste, todos os Exús pertencentes ao espaço cemitério, como exemplo: Exú Caveira, Tata Caveira, Exú das Almas, Pombagira Maria Padilha das Almas, etc. Englobando todos Exús a um único Reino, o das Almas.

  Pensamos que a simplificação do culto dos Exús atrelados apenas à crença da existência de “três Reinos” nos faz acreditar que foi desta forma que se perdeu a informação da existência dos demais Reinos existentes dentro do culto de Quimbanda.


CULTO DOS EXUS ATRAVÉS DOS 7 REINOS




  Antigamente em meados de 1942 tivemos uma denominação (talvez uma das primeiras) de SETE LINHAS DE QUIMBANDA feita pelo autor Umbandista Lourenço Braga, autor de diversos livros. O mesmo então propunha uma visão dualista entre a Umbanda e a Quimbanda (Bem / Mal - Luz / Trevas)

  Com a criação das 7 linhas da Umbanda o lado ''negativo'' por fazer uso dos elementos da natureza tambêm foram atribuidos 7 Reinos na Quimbanda.

Linhas da Umbanda


- Linha de Ogum



- Linha de Iansã



- Linha de Oxossi



- Linha de Xangô



- Linha de Oxum

- Linha de Iemanja

- Linha de Oxalá


Reinos da Quimbanda


- Reino das Matas

- Reino dos Cruzeiros

- Reino das Encruzilhadas

- Reino da Lira

- Reino do Cemitério

- Reino das Almas

- Reino da Praia


  Com a lista dos Reinos informada, podemos perceber que os espaços de culto dos espíritos estão separados em diferentes partes da natureza, através dos reinos, como praticado na Kimbanda Bantú e que a Quimbanda brasileira herdou essa forma de culto. Entendemos que esta seria a forma mais coerente de culto da nossa Quimbanda realinhada com a crença banta, onde é separada do culto da Umbanda, possuindo suas particularidades nos rituais através de seus Reinos, abrindo margem para que sejam cultuados os Exús que perderam seu culto com passar dos tempos.

  Esta forma de cultuar Exú faz com que cada entidade em determinado Reino tenhas suas cores específicas de suas vestimentas e de seus colares de miçangas.Nesse mesmo rumo, poderíamos separar suas oferendas através das particularidades de cada um dos reinos de atuação, diferente de criar uma oferenda Generalizada para Exú de Quimbanda, como vem sendo praticada em muitos lugares, e que talvez possamos caminhar juntos num mesmo rumo lógico de entendimento do culto.

  Existe a crença banta de que os espíritos se dividem em dois grupos após a morte, perdendo sua individualidade e vivendo no espaço mato. Isso explicaria perfeitamente porque o culto está intimamente ligado a este local da natureza, onde as pessoas viviam antes do desenvolvimento urbano, passando a se tornar mais tarde o “Reino das matas”, antes da formação do “Reino dos Cruzeiros e Encruzilhadas”.

  Olhando por esse ângulo, pensamos que talvez o primeiro reino de quimbanda fosse o “das Matas” e mais tarde o dos Cruzeiros e Encruzilhadas teria ganhado mais expansão, assim se formando as zonas urbanas onde se inicia o Reino da Lira com seus comércios, boates, bares e etc... Depois com a influência católica as pessoas começaram a ser enterradas em locais especificos com túmulos, làpides, cruzes formando assim o Reino dos Cemitérios. O Reino das Almas foi associado a lugares altos como picos, montanhas lombas e desfiladeiros,
devido as crenças antigas que as almas deveriam buscar estas lugares para transcender e encontrar imortalidade.. Como por costume os templos e igrejas eram sempre construidos nos lugares mais altos e seus cemitérios eram contruidos ao lado ou atrás, assim o Reino das Almas foi assimilado com o dos Cemitérios. O Reino da Praia fecha o ciclo dos reinos pois os é a passagem dos negros da África para o Brasil, o maior Reino em extenção, aonde também é conhecido por Reino das águas por corresponder também aos rios, lagos e riachos e conhecido também por kalunga Grande pois muitas famílias africanas perderam seu entes queridos para os navios negreiros era como se estivessem sendo levados para a morte.


Culto dos Exús através do sincretismo com Demônios (Quimbanda Luciferiana)




  Na história das religiões, o sincretismo é uma fusão de concepções religiosas diferentes, ou, a influência exercida por uma religião nas práticas de outra. Assim como as entidades da Umbanda, em meados dos anos sessenta os Exús de Quimbanda também sofreram sincretismos religiosos, formando naquela época as expressões populares de “linha da direita” e “linha da esquerda”. Através do sincretismo, os Caboclos tiveram suas imagens vinculadas às divindades cristãs do bem, diferente dos Exús que tiveram as suas associadas às entidades consideradas pagãs pelo povo cristão.

  Na década de 1960,alguns praticantes dessa modalidade de culto de quimbanda criaram uma hierarquia fundamentada nesse sincretismo demoníaco, retirada de um livro de nome “Grimorium Verum” que existia muito tempo antes do Brasil ser descoberto, onde menciona seus demônios chefes de alto grau:



1. Belzebú 



2. Lúcifer 



3. Astaroth 


  Seguindo essa linha de comando viriam os demais Exús associados aos demônios. Associando esses nomes aos Exus de kimbanda, como: Exu Marabô ou diabo Put Satanaika, Exu Mangueira ou diabo Agalieraps, Exu-Mor ao diabo Belzebu, Exu Rei das Sete Encruzilhadas ao diabo Astaroth, Exu Tranca Ruas ao diabo Tarchimache, Exu Veludo ao diabo Sagathana, Exu Tiriri ao diabo Fleuruty, Exu dos Rios ao diabo Nesbiros e Exu Calunga ao diabo Syrach. Sob as ordens destes e comandando outros mais estão: Exu Ventania ao diabo Baechard, Exu Quebra Galho ao diabo Frismost, Exu das Sete Cruzes ao diabo Merifild, Exu Tronqueira ao diabo Clistheret, Exu das Sete Poeiras ao diabo Silcharde, Exu Gira Mundo ao diabo Segal, Exu das Matas ao diabo Hicpacth, Exu das Pedras ao diabo Humots, Exu dos Cemitérios ao diabo Frucissière, Exu Morcego ao diabo Guland, Exu das Sete Portas ao diabo Sugat, Exu da Pedra Negra ao diabo Claunech, Exu da Capa Preta ao diabo Mussifin, Exu Marabá ao diabo Huictogaras, e o nosso Exu-Mulher, Exu Pombagira, simplesmente Pombagira ao diabo Klepoth. Mas há também os Exus que trabalham sob as ordens do orixá Omulu, o senhor dos cemitérios, e seus ajudantes Exu Caveira ao diabo Sergulath e Exu da Meia-Noite ao diabo Hael, cujos nomes mais conhecidos são Exu Tata Caveira (Proculo), Exu Brasa (Haristum) Exu Mirim (Serguth), Exu Pemba (Brulefer) e Exu Pagão ao diabo Bucons.

  Através do surgimento deste tipo de culto, acabou se perdendo particularidades do culto de Exú Rei da Lira que foi trocado pela imagem caída de Lúcifer. Com o surgimento dessa modalidade, percebemos uma perda ritualística muito grande da maioria dos Exús de quimbanda, de seus reinos, povos e clãs, por terem buscado explicações para Quimbanda em uma cultura totalmente diferente da Banta. Acreditamos que essa maneira de ver o culto de quimbanda foi o mais prejudicial para imagem da mesma, bem como, dos sacerdotes do culto que ficaram associados à imagem de bruxos, feiticeiros, satanistas, etc.

  Em muitas casas o culto aos Maiorais (Lúcifer, Belzebu e Astaroth) é feito de maneira similar a quimbanda com sacrificios mas em locais separados com suas próprias casas e seus rituais diferenciados, andandando lado a lado com a Quimbanda com os Exus respeitando eles como Maiorais mas cada um tendo suas particularidades.

- HISTÓRIA DA KIMBANDA

HISTÓRIA DA KIMBANDA



  A Lei da Kimbanda vêm dos bantos, dos povos Angola-Congo.

  A misturança ou ainda podemos dizer sincretismo entre o Exu-iorubá e os Ngangas e Tatás (almas de chefes kimbandeiros das nações bantas) foi o que deixou esse ar de confusão no povo, que muitos até mesmo sendo “feitos na kimbanda”, não entendem, ou o que é pior tratam-no de diabo.

  Na verdade, o Exu da kimbanda não é o Exu-iorubá (orixá ou imolé dessa cultura). Os Espiritos que chegam na linha da kimbanda são espíritos de ngangas ou tatás, aqueles que encarnados na terra eram sacerdotes bantos adoradores de algum nkisi ou mpungu.

  No Brasil, o culto aos npungus e nkisis através dos seus mensageiros – os ngangas – foi misturado na escravidão com o culto aos Encantados e aos pajés ( da cultura tupí-guarani ) e também com o dos Iorubás, surgindo os seguintes novos cultos, fruto da miscelánea:


Macumba

Que vêm de “ma-kiumba” (espíritos da noitepônentes da makumba, aparecendo: Candomblê de Angola, Candomblê de Congo, Candomblê de Caboclo ou dos Encantados e Catimbó – todos eles em procura d).


Foi assim chamado o mais primitivo culto sincretista no sul do Brasil (e o primeiro originado em Brasil), dada sua maior prepônderancia banto; é dela que descem os outros cultos afro-brasileiros com influência das naçoes Angola-Congo, Tupi-guarani, Nagô e a Igreja, nessa ordêm. A razão de se chamar makiumba (logo após por deturpação da palabra ficaria makumba ou macumba) foi justamente, porque é um culto que se faz na noite, onde deveriam-se chamar necesáriamente os espiritos da noite (almas de outros sacerdotes do culto – Eguns ou Ancestrais). No culto iorubano-nagô conhece-se e rinde-se culto aos Ancestrais-Egun, porém eles são afastados dos rituais aos orixás, tentando ter um contato com outro tipo de energias, isto ajudou, para que os rituais onde se chamavam eguns fossem menosprezados, pejorados e mal interpretados. Por outro lado, a Igreja também condenava os cultos com influência indio-banto onde se fazia beberagem e supostamente orgias.


  Na verdade, as danças bantos eram no Brasil e ainda são na África bastante eróticas, e também é verdade que os Guias bebem e pitam, porém estão muito distante de ser uma orgia ou uma beberagem.

  Depois, quando os grupos de nações começan procurar sua identidade, dividem-se os principais come uma raiz cultural – E também, ao final do século XIX surgem da macumba urbana (onde tinhan muita participação os brancos pôbres e os descendentes de escravos) a Umbanda e a Kimbanda com influências para o Espiritismo e com muito sincretismo. Na kimbanda, permaneceu grande parte do culto aos ngangas da nação Angola-Congo, porém misturado com o diabo (pelas influências dos mitos e tabus dos proprios integrantes – que não tinhan conhecimento das origens – ) e também embaixo do pé do orixá iorubá Exu. 

Na África


 

  Em terras bantas, muito antes de chegada do branco, já existia o culto aos ancestros (chamados depois no Brasil “guias”). Também era conhecida a palavra “mbanda” (umbanda) significando “a arte de curar” ou “o culto pêlo qual o sacerdote curava”, sendo que mbanda quer dizer “o Além – onde moram os espiritos”.

  Os sacerdotes da umbanda eram conhecidos como “kimbandas” 

(ki-mbanda = comunicador com o Além ).

  Quando chegam os portugueses e tem contato com os reinos bantos, procuram comerciar com eles de um jeito pacifico. Mais tarde, o Rei do Kongo (Manikongo) descendente do primeiro ancestro kongo divinizado o Tatá Akongo converte-se ao catolicismo, sendo que também fazem o mesmo todos os seus vasalos. Pôde-se apreciar então que os negros bantos já na África são evangelizados por vontade própria, fazendo eles mesmos em suas terras sincretismos entre Santos e Nkisis. Porém uma parte banta não aceitou, nem adotou a evangelização, sendo que tramaram uma revolução em contra do rei do Congo, mesmo ainda, para se mostrar opostos ao branco e os Santos, adotaram dizer que eram do Diabo. Esses povos bantos eram os Bagandas, Balundas e Balubas.

  Ao tempo os Bagandas em revolta conquistaram a região de Angola e logo após quase todo o reino congo (que estava formado por vários reinos). Um dos reis bagandas foi Ngola Mbandi, de onde provêm o nome de Angola.

  Esses revolucionarios estavam apoiados pelos grandes feiticeiros e guardiões das tradições bantas, sendo também que sua bandeira estava formada pelas cores da tribo dominante: vermelho e preto (muito depois seriam as cores de Angola).

  Os Luba-Lunda, que ajudavam na guerra em contra do branco e os reinos congos evangelizados usavam como bandeira as côres vermelhas, pretas e brancas.

  Devemos também dizer que depois de muito tempo de paz entre portugueses e congos, um dos descendentes do Rei do Congo para não perder o reino decidiu se unir ao pensamento das outras tribos, pegando novamente seu nome africano e declarando a guerra em contra dos portugueses, se aliando com o resto dos povos bantos.

  Por sua parte, os portugueses levaram milhares de escravos bantos para o Brasil, entre eles encontravam-se partidarios dos dois grupos bantos: os evangelizados e os defensores das tradições. Os defensores, já no Brasil, siguiram sendo revoltosos, contrário a tudo o que vinha do branco, e tambêm em parte “inimigo” dos escravos feiticeiros que sincretizavam os nkisis com os santos.


No Brasil




  No periodo da escravidão, os bantos dos dois grupos (revolucionários e evangelizados) pegam contato com os grupos tupi-guarani, existindo também entre os indios dois grupos com semelhanças aos grupos bantos: indios bruxos que não aceitavam os santos (identificando-se com o diabo) e os indios evangelizados que gostavam da idéia do sincretismo santoral. Esses grupos juntam-se para fazer suas magias por separado, e dizer, os negros bantos contrários ao branco e os santos com os indios bruxos, e os negros bantos evangelizados com os indios evangelizados. 

  Daí o surgimento de duas correntes paralelas e opostas que seriam conhecidas no Brasil como Umbanda – o culto dos caboclos e pretos evangelizados; e a Quimbanda – o culto dos caboclos e pretos que não aceitaram viver em baixo do pé do Deus dos brancos, se aliando ao Diabo (inimigo do branco) e com Exu (que também era olhado como um demônio).

  Aliás, temos que dizer, com o passar do tempo, quando morrem os escravos dos dois grupos, Estes são chamados e incorporados através do tranze por seus descendentes, ao principio na Macumba e logo na Umbanda . Porém, os espiritos chegabvam todos num mesmo terreiro sem tanta diferenciação, e até se confundindo os grupos. Os descendentes de escravos o que menos queriam era de ser chamados satanistas ou macumbeiros, por isso botaram os grupos revoltosos em baixo do pé dos grupos evangelizados e a Kimbanda ficou sendo uma sub-linha da Umbanda.

  Porém os próprios Espiritos se encarregaram de fazer a separação e hoje em dia podemos dizer sem nenhuma dúvidas que existem duas religiões paralelas e diferentes: a Umbanda – onde chegam os Espiritos Guias dos Pretos e Caboclos evangelizados, vestidos de branco, humildes, que acreditam nos santos e os orixás, onde não se faz sacrificios de animais, que acreditam em Jesus, respeitam as ''leis'' do Espiritismo Cardecista, etc. E a Kimbanda – onde chegam os Espiritos Guias dos Pretos e Caboclos que trabalham para bem ou mal, com sacrificios de animais, luxo, orgulho, revolução e que não acreditam nos Santos da Igreja, defensores de tudo o que seja africanismo, e aceitam aos orixás e nkisis.

  Cabe dizer, que os seguidores das distintas ramas da umbanda, adotam e adaptam-se as duas linhas (umbanda e kimbanda) seguindo os preceitos e as influências maioritarias da sua Casa de Religião. Por exemplo, aqueles que fazem Umbanda Branca (sem sangue) botam a kimbanda em baixo da mesma e para os Exus muito pouco matam. Aqueles que fazem culto aos Orixás iorubas e também practicam Umbanda, dadas as influêcias iorubanas, olham na Umbanda como na Kimbanda um culto aos ancestros submetidos aos Orixás, fazendo para os ancestros rituais de sacrificios (principio fundamental dessa cultura).

  Hoje em dia podemos dizer que a Kimbanda se liberou da Umbanda, existindo um culto separado só prá Exu da Kimbanda e fora do contexto umbandista.

A KIMBANDA BANTÚ E SUA CRENÇA

  A “kimbanda Bantú” possui a crença na sobrevivência dos espíritos após a morte, conservando seus nomes terrenos até que percam sua individualidade e passe a conviver com os demais espíritos em outras partes da natureza. Já na cultura “banta afrodescendente”, chamada de Quimbanda Brasileira, o espírito perde seu nome terreno e recebe o nome de Exú. (exemplo: Exu Tranca Rua,Exu Marabo,Exu Veludo)

Entendemos que tanto a umbanda quanto a quimbanda brasileira, tiveram suas bases ritualísticas nos povos bantos, herdando os costumes do uso da pemba, da pólvora, perfume, etc. Estas práticas vieram na bagagem dos escravos bantos para o Brasil no período pré-colonial, pois vemos o uso de alguns desses elementos somente nessas vertentes afrodescendentes. Pensamos que os bantos perderam muito sua identidade ritualística, por serem os primeiros a vir para o Brasil através da escravidão, diferente dos escravos yorùbá que adentraram muito tempo depois em nosso país. Os Bantos, diferentes dos yorùbá, foram os que viveram mais tempo em senzalas, tanto quase que noventa por cento de suas crenças e culturas retiradas e cristianizadas.

OS PRETOS VELHOS


 Citamos então os “Pretos Velhos” que envelheceram em solo brasileiro, perdendo quase toda sua identidade religiosa e devido a sua cristianização, passaram a serem devotos dos santos católicos, como: Santo Antonio, São Benedito, São Miguel das Almas, etc. Eles foram umas das poucas entidades que foram cultuadas de acordo com os costumes bantos, onde tiveram seus nomes de batismo no Brasil, preservados após sua morte, onde citamos alguns: Vovó Joaquina, Maria Conga (Maria do Congo), Pai José da Guiné, etc. Hoje estes espíritos são cultuados tanto da Umbanda, quanto na Quimbanda, onde nesta última estão vinculados ao Reino das Almas, dentro do povo do Cativeiro. Esses Pretos Velhos apelidados de Quimbandeiros ou Curandeiros ganharam essas qualidades devido à possibilidade de terem sido em vida sacerdotes antes de virem como escravos para o Brasil.